quarta-feira, 20 de abril de 2011

Pedacinhos de Gente


Michael

Pingo


Outro dia, li um artigo de Danúzia Leão falando sobre animais de estimação. Guardei um questionamento que também é meu agora: "Somos nós quem escolhemos os animais ou eles que nos escolhem?”

Tenho um gato que se chama Michael. Ele é filhote de uma gata que apareceu do nada, instalou-se lá em casa e conquistou todo mundo. Michael não foi por acaso, criei uma estratégia meticulosa para que ele fizesse parte da minha vida. A escolha por ele foi, primeiramente, baseada, na beleza; ele era e é um belíssimo felino.

Após a escolha, ainda recém-nascido, eu o levava todos os dias para o meu quarto com a finalidade de desfazer os laços com a mãe e afeiçoá-lo a mim. Ele sempre ficava incomodado com isso e logo eu o colocava de volta.

Com o tempo, meu pai – num surto - doou todos os gatos; e compadecido ao me ver aos prantos, deixou Michael. Bem, ele foi crescendo e hoje é um gatão. Minha irmã vive dizendo que eu estraguei o gato. Ele só faz o que quer. Quando quer carinho, se aproxima; quando se cansa, sai sem o menor remorso; quando a ração acaba, fica impaciente e “corta relações”.

Há dias em que ele fica irritadíssimo (parece mulher com TPM), e eu não posso nem chegar perto que ele me arranha, me morde e bate nos gatos que ousam aparecer na sua frente. A cada dia que passa, ele fica mais independente, mais dono de si. Às vezes, some e me deixa na maior preocupação e depois aparece com a cara mais limpa. Não sei mais o que fazer, digo que vou ser rígida com ele, mas é só ele miar cheio de dengo que eu mudo de idéia. Já “larguei de mão”...ele, definitivamente, vive muito bem sem mim. E eu fiz tudo para que ele ficasse grudado, dependente...

No entanto, apareceram outros gatos- para o desequilíbrio de Michael (que perdeu terreno) e do meu pai (que já se achava livre deles). Apareceu um montinho de algodão com algumas partes queimadas de sol. Uma “fofuricha”...como é amável. Batizei-a Laura Helen, mas minha irmã disse que é macho...tem uma cara de gata, continuo tratando como fêmea...minha irmã diz que vou “afeminar’ o gato.
Enfim, é uma fofura, gosta de ficar enroscada no meu pé, onde eu vou, vai ...me obedece, come qualquer coisa, não é “boca fina” como Michael. Aquele montinho de algodão queimado de sol me alegra, coisa boba...mas é a verdade, me alegra mais do que muita gente...Acho que aquele montinho é mais gente do que muita gente...Um montinho de algodão tão delicado, miado suave...até quando dorme ou fica no meio dos lugares (no meio do quintal, no meio da cozinha, no meio do quarto) deitadinha (o) é uma elegância só... Gosta de brincar, é leve...E me deixa leve também...No entanto, isso vai acabar logo...vão levar meu montinho...Já chorei, mas sei que não vai adiantar, então, estou exercitando o desapego...

Michael está ficando insuportável, mimado demais...Depois que começou a namorar, então, só fica atrás das gatinhas. E o pior é que elas não querem saber dele, mas ele fica atrás e como sofre meu gatinho, fica dias miando desesperadamente...Já disse a ele que não aprovo esses relacionamentos, mas ele nem me ouve...fico magoada, fiz tanto por ele...será incompetência minha ou afinidade? Concordo com Danúzia, acho que os animais é que escolhem a gente.

Luciana Marinho

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