Quando me tornei adepta do vegetarianismo e de uma nova concepção das coisas, passei a compreender a Yoga dentro de uma perspectiva espiritual. No início, achei que fosse muito fácil: postura adequada, ambiente tranqüilo, atenção à respiração, quietude da mente. A prática,no entanto, mostrou o contrário.
Não conseguia aquietar os meus pensamentos, focar em mim, esquecer o ambiente externo, ficar na postura certa. Tentativas frustadas,comecei a achar que não era para mim, que talvez fosse necessário ler mais a respeito, compreender melhor como tudo funcionava. Deixei de lado...
Dez anos depois, tive a oportunidade de assistir a uma aula inaugural de Yoga, mas acabei não indo...Enfim, ganhei de presente de aniversário (algo que não se pode recusar) um mês de Yoga. Fui e encontrei tanta coisa minha, tantas partes de mim...No entanto, tive dificuldade com as posturas, em virtude da inércia ao longo dos anos.
Surpreendi-me com esforço que é exigido do corpo, o quanto não temos consciência dele e do quanto essa consciência é fundamental para o nosso controle que, por sua vez, está intimamente ligado com o controle da mente, com a elevação do espírito.
Achei, para falar a verdade, que a Yoga fosse bem tediosa, inerte. Aquela coisa de ficar paradão, relaxando. Surpreendentemente, a Yoga é muito dinâmica, os movimentos não se limitam apenas ao membros posteriores ou inferiores, expandem-se para todo o organismo, principalmente ,o que está dentro.
Sei que vai ser difícil porque a Yoga é um trabalho indissociavelmente ligado ao nosso corpo, à nossa mente, á nossa alma, a tudo que nos construímos ao longo desta vida, ao longo de outras vidas...
Há tanta coisa arraigada, imagens construídas sobre o que nós somos, nossa pseudo-identidade, limitada, fragmentada...Há tanto para se descobrir, há muito, há tudo, o Infinito...É uma “luta” comigo mesma e, por isso , será a mais difícil. O autoconhecimento, apesar de doloroso, nos faz crescer na direção da nossa realização...
Luciana Marinho
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