quinta-feira, 7 de julho de 2011

A Busca por Deus


(...) Qualquer imagem que eu crie de Deus, como uma pessoa, como um ser extra-mundano, super poderoso que, como meu pai e a minha mãe fizeram quando eu era pequeno, irá me proteger, é uma grande fantasia. Deus não protege ninguém, não dá valor maior a ninguém, não tem mais apreço por um do que pelo outro. Deus não é uma pessoa como nós, com as nossas limitações, parcialidades, sempre desejosos por encontrar uma perfeição inalcançável. A perfeição da vida é Deus. Mas não é essa perfeição idealizada por nós, que está fundamentada na não aceitação da nossa limitação. Deus é a perfeição do Universo, é o próprio Universo e todas as leis que o sustentam, a ordem que permite que tudo exista em constante transformação. Deus é o mundo, e o mundo me inclui, não adianta procurar fora dele ou fora de mim mesmo. Qualquer imagem que eu procure fora do mundo para ilustrar essa perfeição que eu fundamentalmente sou é uma projeção. Sou perfeito para viver essa vida e para descobrir essa verdade de Deus em mim e em tudo. Meu corpo é perfeito porque possui uma ordem intrínseca nele, assim também é a minha mente, limitada em termos de memória, de raciocínio, de aprendizado, mas perfeita nela mesma.


Reconhecer a nossa limitação dentro do Universo, a limitação das outras pessoas e perceber que nisso há uma ordem perfeita é descobrir Deus em tudo. É abrir mão de buscar eternamente por algo que é inalcançável, uma perfeição absoluta e uma proteção pessoal. O Universo me protege através das suas leis, que são impessoais e estão sempre de acordo com uma ordem perfeita e não de acordo com a minha vontade. A ordem perfeita é a lei de causa e efeito, de ação e reação que me entrega de volta sempre de acordo com o que eu dou. Não há como se frustrar com alguém ou com Deus tendo essa visão em mente, pois ela tira toda e qualquer pessoalidade de Deus. O Universo é impessoal. Eu projeto nele a minha pessoalidade, as minhas necessidades e interesses.


Reconhecendo essa perfeição em tudo, consigo acolher todas as pessoas e coisas exatamente como são e ganho o maior dos amparos, a maior das proteções, que é o reconhecimento da ordem perfeita do Universo atuando a cada momento, independente da minha vontade. Então, qualquer imagem que eu use para me relacionar com Deus, torna-se uma escolha, uma representação parcial de Todo o Universo. Assim como toda pessoa que porventura eu venha a reverenciar, por admiração ou respeito, torna-se uma representação de uma habilidade, de uma qualidade que eu cultivo e não uma projeção fantasiosa em busca de uma perfeição inalcançável. Deus se torna mais real e presente na minha vida, assim como a vida se torna mais clara e objetiva.

Tales Nunes

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