terça-feira, 22 de março de 2011

Madame Bovary

Madame Bovary habitava o meu imaginário muito antes de conhecer a tão famosa obra de Flaubert. Sempre “ouvia” falar dela, em revistas, livros, na internet...enfim, aquela personagem me chamava... “uma mulher livre”, subversiva...Ficava imaginando quem e como seria...

No blog que sigo, lendo.org, havia um espaço assim intitulado: “Livros que vão colocar minhocas na sua cabeça”. Dentre as obras apresentadas, estava ela, Madame Bovary. O meu interesse por ela foi crescendo, busquei informações em sites, sinopses que aumentaram ainda mais a minha curiosidade...

Ganhei o livro de um amigo (Ah! Como gosto de ganhar livros)... e , desde então, não conseguia fazer outra coisa ..Mergulhei naquele universo , me absorvi completamente...queria chegar logo ao desfecho, saber como terminaria ...e ao mesmo tempo, não queria abandonar Emma...no entanto, ela me abandona, me deixa...
Emma era dona de si mesma, queria escrever o seu destino e foi em busca dele. Mulher de atributos invejáveis, não era só bela, mas inteligente, forte,singular.Sempre quis experimentar o novo, conhecer o universo que habitava seus sonhos, os seus devaneios. Sonhava com Paris e tudo aquilo que aquele lugar podia oferecer-lhe: Os teatros, os cafés, a música, as artes...

E assim, agarra cada oportunidade que a aproximaria dos seus sonhos. Vai ao convento não pelo desejo de ser freira, mas porque , de alguma forma aquele universo místico a envolvia: as músicas e leituras solenes, a beleza e o encantamento das atividades religiosas...No entanto, ela percebe que não é aquilo que verdadeiramente busca, uma vida de renúncias.

No convento , ela tem acesso aos livros, a outros mundos... Ao voltar para a fazenda onde vivia, não consegue acostumar-se àquela rotina enfadonha. O casamento, assim, torna-se uma oportunidade de sair de lá e aproximar-se do seu “mundo”. Essa expectativa faz Emma acreditar que estava apaixonada. E, ao perceber que o que sentia não era paixão, entristece...aquela vida vai se tornando ainda mais pesada. Não tinha prazer em nada e estava presa a um casamento, definitivamente.


O casamento , naquela época, era o meio e o fim; era somente através dele que as mulheres realizariam suas aspirações. A mulher não era livre e, o homem representava, paradoxalmente, essa liberdade. Emma vê a sua liberdade nos homens que carregam fragmentos do seu mundo: O gosto pela música, a identificação com os cafés e teatros de Paris. Emma queria ser livre como os homens eram.

Diante da impossibilidade de ser assim, Emma vê nos relacionamentos extra-conjugais o caminho rumo à realização. O seus relacionamentos são completos, inteiros...cheios de corpo, de alma, de paixão. Paixões ao extremo das sensações...e com isso, vão se desgastando , perdendo o lirismo, a volúpia...

Totalmente desiludida e quase louca, Emma comete suicídio.O seu orgulho não permitiria outra coisa. Quis ser dona do seu destino até o fim. A morte, enfim, foi a sua liberdade.



Ficaram as minhas reflexões, inquietações...Emma, apesar de fictícia, retrata a vida de mulheres reais, num contexto bem diferente do que vivemos agora...No entanto, com a mesma paixão pela vida..


Fico imaginando o quanto essa ânsia de viver, esse desejo pela liberdade impulsionaram mulheres para o abismo... Uma vida de extremos, de atitudes insensatas, passionais...Uma vida vivida com o corpo e com alma, que não se economizava, que não se acostumava com a mediocridade.

Luciana Marinho

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