terça-feira, 16 de agosto de 2011

Sobre Yogues, Gaivotas e Astronautas







Curiosidade é a palavra que usamos para dizer que a alma não se contenta em ficar parada, e que é preciso haver sempre algo maior do que ela mesma para convidá-la a passear.

Quando eu era pequeno, admirava os astronautas (...) Nos livros enciclopédicos, via com grande encanto a fotografia de homens flutuando no espaço, abaixo deles o globo terrestre, nada podia ser mais belo. No espaço tudo parecia mais leve, a vida ainda mais efêmera, fácil de se perder (...) E imaginava que era apenas por um pequeno impulso, impulso descuidado que o corpo se poria a flutuar indefinidamente rumo ao desconhecido, e então a angústia de nunca mais poder voltar(...)



Queria ser um astronauta, mas queria estar seguro de que voltaria para a minha casa, de que poderia voltar para o colo da minha mãe. Viajar muitas milhas, milhares, milhões de quilômetros luz e poder voltar para o ninho (...) Ah, isto sim, não poderia haver felicidade maior.



Fui crescendo e minhas idéias sobre a vida foram aprimoradas(...) Em muitos momentos cresci, mas na verdade me diminuí, uma vez que minha mente perdeu a capacidade de contemplar o infinito.
Somos assim, em muitos momentos nos lançamos em uma única direção inerte, a mente se enrijece, formando suas opiniões acertadas sobre o mundo, antes mesmo de aprender a escutá-lo (...). O mistério se vai e fica o choro da alma, pedindo que novamente lhe seja dada o direito de voar livremente por todos os caminhos(...) se o mistério se perdeu, então também nos perdemos.

A alma não se contenta com apenas um caminho, ela quer conhecer todos eles, quer que todos os horizontes se mostrem. Por isso a vida humana se dirige a Deus, numa brincadeira de conhecer Deus (...) movida pelo anseio do encontro, que se renova infinitamente (...)



Quando encontrei o yoga voltei a ser criança, a ser astronauta, voltei a contemplar livremente os inúmeros caminhos da vida, sem me perder em nenhum deles (...)

E então, após voar pelo universo todo, o Senhor me ensina isto: que o meu ninho ontológico está em toda parte (...) Com esta segurança a vida fica mais mansa, posso me lançar às viagens, com a certeza de que o fio que me liga às viagens, cordão umbilical cosmonauta, não será cortado, uma vez que esteja sempre nutrido pelo amor.

Marcos Elias

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