sábado, 17 de setembro de 2011

Ciclovias & Sustentabilidade

Vejo as práticas de sustentabilidade como algo que deve, obrigatoriamente, fazer parte das nossas atitudes cotidianas e não como uma alternativa, como algo que escolhemos fazer. Precisamos nos conscientizar de que somos um grande sistema ou ecossistema, onde tudo está interligado, intimamente ligado, como numa rede, numa teia de aranha.




  Consciência ambiental vai muito além de não jogar lixo na rua, de economizar água, da reciclagem. Há tantas coisas que fazem parte de uma prática consciente, coisas que fogem completamente da experiência de muitos países, inclusive o nosso. Desenvolver a sustentabilidade não é tão simples como muitos pensam, exige que olhemos tudo de uma forma completamente diferente, até oposta ao que estávamos acostumados  a olhar.


A consciência ambiental parte do princípio de que todos os seres merecem ser felizes. Isso significa dizer que os homens não possuem nenhum privilégio em relação a outras formas de vida. Todos nós merecemos ser felizes e só seremos juntos, quando houver harmonia completa entre todas as formas de vida. Pelo amor altruísta a todos os seres ou pelo amor egoísta a nós mesmos, precisamos, com urgência, transformar as nossas práticas e os nossos olhares.

 
  Outro dia, vi um exemplo disso em um pequeno documentário que falava sobre as ciclovias em países desenvolvidos como Copenhague, na Dinamarca, Amsterdã, na Holanda e Bogotá, na Colômbia ( única região da América Latina). As ciclovias fazem parte das tecnologias limpas, ou seja, que não poluem o meio ambiente. Interessante perceber que muitas pessoas utilizam a bicicleta como transporte para ir à faculdade, escola, trabalho, fazer passeios, enfim, em praticamente todos os seus deslocamentos diários. Isso independentemente da sua classe social, professores e alunos, chefes ou subordinados, todos utilizam a bicicleta.


 Isso só foi possível não só pela mudança de concepção dos moradores, mas pela organização de uma estrutura adequada para o deslocamento seguro dos ciclistas: as ciclovias. Essa preocupação em desenvolver espaços ora exclusivos, ora prioritários para os ciclista faz parte do processo de implantação das práticas ecologicamente responsáveis. Além disso, as altas taxas sobre o deslocamento dos automóveis também contribuem para que as pessoas optem pela bike. Os moradores de Copenhague, Amsterdã e Bogotá utilizam os carros apenas para distâncias muito grandes.


 Claro que isso não aconteceu naturalmente. A Dinamarca, por exemplo, enfrentou uma séria crise de escassez de petróleo e teve que buscar alternativas: as ciclovias são resultado disso. A crise também fez com que a população sentisse a necessidade de rever sua relação com a natureza, com o meio ambiente. Hoje, esses países, desenvolvem outras práticas sustentáveis como reaproveitamento da água e uso das tecnologias limpas em outros setores.

No Brasil, já existem iniciativas para a construção de ciclovias. No entanto, é preciso mudar a concepção já consolidada de que a bicicleta não possui o status do automóvel. É preciso transformar valores, compreender que a qualidade de vida é o que realmente importa. A diferença entre países desenvolvidos e de 3º mundo é que, os primeiros já vivenciaram os benefícios e mazelas do desenvolvimento predatório, quase chegaram ao limite. Nós ainda alimentamos a ilusão de que o desenvolvimento tecnológico, com toda a comodidade e excessos, nos tornará mais felizes.

Enquanto nós estamos indo, os países desenvolvidos estão voltando. Estão à nossa frente porque além de possuírem mais acesso ás informações e, portanto, maior consciência ambiental, possuem também as tecnologias mais avançadas que, embora pareça ser contraditório , serão instrumentos fundamentais para uma vida sustentável.


Estou retomando os meus passeios de bike, depois de algum tempo sedentária. Confesso que a falta de espaços para os ciclistas dificulta muito o deslocamento, não dá para disputar com os automóveis.      No entanto, é tão boa a vista das pessoas, das paisagens. Dá para ver melhor tudo, além de colocar o corpo em movimento, realizar uma atividade que beneficia o corpo, a mente e o espírito.
        
         Luciana Marinho

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