sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Feira da Troca



Participei, no último sábado do Mês de Julho, da Feira da Troca em Rio de Contas. A Feira ocorreu no Espaço Imaginário (comentado em uma postagem de mesmo nome). O objetivo da feira é reunir pessoas que levem seus excedentes para serem “intercambiados”.

A princípio, fiquei me perguntando o que levaria, o que tinha em casa que era excedente, que não me servia mais. Já havia doado algumas coisas (roupas, calçados, bijuterias) recentemente e, por isso, foi difícil essa tarefa. Perguntei-me: o que tenho em grande quantidade? Livros... No entanto,para mim eles não eram excedente porque eram muito úteis e seriam sempre, por toda a minha vida...Não conseguiria desfazer-me deles...

Então, lembrei-me de algumas coisas que não usava mais e que estavam guardadas numa mochila: sandálias deixadas de lado por um longo tempo, um boné e uns óculos de sol que nunca havia usado, uns colares de miçangas, umas bolsas quase novas que eu não gostava mais ...apesar de estarem abandonados, sem uso, fiquei pensando se deveria doar as “minhas” sandálias quase novas, quem sabe , um dia, poderia sentir vontade de usá-las...

Enfim, levei o que considerava excedente. Consegui trocar quase tudo: as bolsas, os colares, os óculos...troquei , principalmente, por livros...as sandálias voltaram comigo, ninguém interessou-se por elas...Conheci um pessoal bacana também, com uma concepção de mundo que eu pretendo resgatar, consolidar...

Cheguei a minha casa empolgada com as trocas que fiz, dizendo à minha irmã que havia trocado muitas coisas bacanas. Quando mostrei a ela, com satisfação, o que havia trazido, ela, decepcionada, disse: Livros? Você trocou suas bolsas por livros?Aqui em casa já tem muitos livros (...). Disse a ela que o valor das coisas é muito relativo, para mim os livros valiam muito mais do que as bolsas, na verdade, sem utilidade nenhuma, as bolsas não me valiam mais nada. O que eu paguei por elas não significava nada...as sandálias que me custaram tanto, não chamaram a atenção de ninguém, não tinha o valor que eu lhes atribuía...

A Feira da Troca provocou mudanças e reflexões em mim...O valor das coisas depende muito mais da gente do que delas mesmas, depende de quem olha, da sua ótica, da sua maneira de enxergar o mundo...Eu que não queria desfazer-me dos meus livros e que só tinha olhos para livros na feira, ouvi uma mulher dizendo que tinha tantos livros em casa... “Se eu soubesse, teria trazido”...Achou que ninguém ficaria interessado. E eu achando os meus livros tão valiosos... como moeda, como ouro...

As coisas valem mais quando elas nos dizem muito, quando elas são importantes para nós. Não importa o preço que pagamos por elas... Um pacote de feijão pode ser muito mais valioso do que um automóvel, depende da ótica, da necessidade, da utilidade.


A Feira fez com que eu me lembrasse das feiras antigas em que as pessoas não tinham uma “moeda”, trocavam os seus excedentes por aquilo que necessitavam. Fez-me sonhar com a possibilidade de uma outra sociedade, cujos excedentes não se transformem em luxo nem lixo... que viva unicamente com o necessário para a sua felicidade...

Luciana Marinho

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