domingo, 18 de setembro de 2011

Tempo é (muito mais que ) Dinheiro

(...) De fato, atualmente parece que estamos sempre em débito em relação à quantidade de tempo que temos disponível. Direcionamos boa parte do nosso tempo e da nossa vida na busca de segurança material. Mas a noção de segurança é relativa. (...)


Em certos momentos da vida, então, posso me dar conta de que por mais que a minha conta bancária esteja positiva e eu tenha conquistado muitas coisas, ainda não me sinto seguro. E em troca, a minha conta de tempo parece estar sempre negativa.


Hoje em dia somos educados e estimulados a ser bons profissionais, a ganhar dinheiro, a consumir, a poupar, a garantir a segurança material, a competir. Porém, não somos ensinados a usar o nosso tempo para sermos bons pais, bons filhos, bons cidadãos. Todos nós carregamos internamente o sentimento de inadequação e de insegurança. (...)



O que realmente nos preenche?(...) Temos cada vez mais dificuldade por falta de tempo, mas especialmente de espaço interno para apreciar coisas simples da vida. A infância dos filhos, a velhice dos pais, o companheirismo dos irmãos, a companhia dos amigos, o pôr do sol, o nascer do sol. A nossa ansiedade com o futuro, a insegurança financeira, o medo de perder o que se adquiriu e o desejo de adquirir mais, faz com que apliquemos o nosso tempo de maneira equivocada. (...)



Existe uma diferença fundamental entre executar ações e buscar conquistas movido por uma questão interna, seja medo ou insegurança; e executar ações e buscar conquistas com uma atitude interna de apreciação, trazida pela compreensão do seu papel no mundo e pela descoberta de um espaço de conforto em si mesmo. E é apenas dedicando tempo a si mesmo, ao autoconhecimento que descobrimos isso. (...)


Deveríamos ver o tempo como maior de todos os bens. Assim, escolheríamos melhor com quem, com o que e onde iríamos gastar o nosso tempo. (...) Usar o tempo com inteligência é viver a vida, o presente, inteligentemente. Isso não quer dizer que devamos negligenciar o futuro. Quer dizer que nas nossas contabilidades diárias, deveríamos colocar o tempo como bem mais precioso.(...)


Tempo junto, tempo de conversa, tempo de fazer nada, apenas de presença, mesmo que esta presença seja tratar com atenção dando tempo a nós mesmos, dedicando-nos ao autoconhecimento, e também às pessoas ao nosso redor (...)

Texto adaptado de Tales Nunes (Estudante de Vedanta e Mestre em Antropologia). Cadernos de Yoga nº 31.

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