sábado, 26 de fevereiro de 2011

Leituras: Do mundo e da palavra

  
Infelizmente, a leitura ainda é vista como atividade exclusiva dos intelectuais. No entanto, ela faz parte da formação humana. Não falo do processo de decodificação de palavras, da leitura que se restringe ao universo da escrita.
Falo da leitura que antecede a escola e nos acompanha a vida inteira: A leitura do mundo. Concepção defendida pelo grande educador Paulo Freire que afirmava que a leitura do mundo precede a da palavra.
As palavras não possuem existência própria, são representações de coisas, lugares, enfim, são representações do nosso mundo. A linguagem é a grande ferramenta simbólica que cria a nossa realidade.
Não faz sentido ler a palavra pela palavra, dissociada de contexto, desprovida de significado. A palavra “alegria” nos remete aos momentos felizes e sensações positivas; assim como a palavra “ morte” nos causa temor porque está associada à dor e à perda.
As palavras sozinhas são vazias, elas só existem e ganham sentido porque significam a nossa vida. É preciso estabelecer relações entre o que se lê e o que se vive, de forma indissociada.
A leitura decodificadora é inócua, sem sentido. A leitura a que me refiro não se restringe aos intelectuais ou alfabetizados. Ler a palavra exige uma leitura do mundo, a compreensão das relações de sentido que se estabelecem entre o símbolo e os seus significados.
Ler é muito mais do que acumular palavras, é enxergar as coisas que elas representam; é compreender a realidade criada por elas.
 Luciana Marinho

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