sábado, 26 de fevereiro de 2011

O meu cabelo é crespo, e daí?

 Meu cabelo é crespo... Confesso que, muitas vezes, isso foi motivo do meu mau humor. Hoje, eu o adoro.
O cabelo, aparentemente ligado apenas a estética, diz respeito ao que nós somos. Ele faz parte do corpo que carrega a nossa história. Cada corpo carrega uma história diferente.
O meu cabelo crespo é um traço forte da minha negritude. Diz respeito ao que eu sou, é parte da minha identidade. No meu corpo eu carrego a minha ancestralidade africana.
Gostar do meu cabelo crespo é ter orgulho do que eu sou, da minha herança negra. Por isso, fico muito aborrecida quando se referem a ele como “ruim”. Meu cabelo crespo sou eu, a minha essência. Portanto, atribuir um “valor” negativo a ele é o mesmo que desvalorizar a minha identidade, a minha negritude.
A não-aceitação do cabelo crespo é reflexo do conflito racial que vivemos. Assumir o cabelo crespo é assumir a negritude, tão renegada e desvalorizada. Por isso, é tão difícil ser negro no Brasil.
Nilma Gomes ¹ fala da necessidade de uma pedagogia da cor e do corpo , do aprender a ser negro. Segundo ela, a identidade se forma na relação, no diálogo, no conflito com outro. A minha identidade negra não depende só do meu olhar , mas do olhar do outro sobre mim.
Acredito que, se as pessoas tivessem um pouco de conhecimento e muita sensibilidade, respeitariam as diferenças e multiplicaríamos os olhares.
 1-    GOMES, Nilma Lino. Corpo e cabelo como símbolos da identidade negra.Disponível em: http://www.rizoma.ufsc.br/pdfs/641-of1-st1.pdf.Acesso em 27 jan .2011.
 Luciana Marinho

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